domingo, 23 de junho de 2013

Estado Utópico de Paz (Pedro Drumond)







Estado Utópico de Paz
(Pedro Drumond)

Se me secou o rio de lágrimas
É que minha alma já foi dissolvida no mar
Ou talvez tenha sido muito repuxada
Batendo de encontro às pedras, ao lamento das velhas camponesas
Para enfim secar

Em mim existe a corrupção, por isso estive lutando
Por uma nação que não aplaca a solidão humana
Que todos já viemos sentir nesse mundo
Em mim também existe a vulgaridade
É por isso que desejos queimam-me a brasa da existência
Porque no meio dos entulhos, achamos com mais facilidade
Flores no deserto, diamantes meio ao lamaçal
E uma certa inocência, que encantada por nada, esboça um sorriso
Para toda sorte de maldade
Pois de longe ela parece mesmo tão desajeitada
Que nos leva a pensar naqueles que silenciaram-se, parando de julgar
E não foram mais consultados pela sua moral engasgada
Questionaram muito e viram que enfim a grande resposta
Não depende do que seja a verdade

E ao meio da noite
Quando minha alma me põe naquele estado utópico de paz
Me vem o desespero de quem não mais se quer
Pois se considero que algum dia eu tive que viver
Foi nos tempos de um amor anônimo, que me aplacou por ser intocável
Até que resolveu reaparecer no meu caminho
E eu, curado pelo mais eficaz dos remédios, o tempo
Dele não quis saber
Não quis vê-lo
Dele só me restou o não-ser
E eu me pergunto: Por quê?

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