segunda-feira, 10 de junho de 2013

Esquivo Inconsciente (Pedro Drumond)





Esquivo Inconsciente (Pedro Drumond)

Era uma manhã cálida, nebulosa, melancólica
O dia amanheceu fechado, cheio de neblinas
A vida estava pálida, qual virgem donzela, meio às matas escuras, perdida
Assim meu coração foi dilacerado, eu mau havia despertado
E encontrei meu grande amor pela rua...

Mas o que foi que me deu? Quem sou eu?
Percebi que não mais me governava
A orquestra dos reencontros das almas ali, tocando para nós
E tudo o que fiz foi constatar que a vida nos quis sós
E porque diacho fui aceitar isso?

Eu desviei, eu me privei de te encarar
Cruzei a rua, em nada pensei, foi súbito, inconsciente
Seria por coragem ou por covardia?
Seria por saudade ou por agonia?
Seria por verdade ou por mentira?
Me afastei sem tropeços, certa ou erroneamente?
Será que foi para evitar de pensar que cheguei a te esquecer
Mesmo tendo acreditado que jamais faria isso?
Será que foi para não me encarar? Fugir de mim?
Foi por ser forte ou por ser fraco?
Terei sido comigo ou com o destino ingrato?

Quem sou eu? Seu amor, meu bem distante,
Sempre foi minha essência. Vim mais para a vida
Para dar vazão a todo esse sentimento
Do que ao meu ser inconstante, cheio de evidências

Terei eu agora motivos para reclamar a minha saudade?
Posso me dizer vítima do amor?
Misto de culpa e incompreensão - o que foi que de ti me desvencilhou?
A tristeza, a angústia, a ilusão, tudo que em mim eu acreditava sepultado
Ressurgiu de nem sei dizer aonde. Assim como meus sonhos de menino,
Meu amor esquizofrênico, contudo humano, além das utopias, é claro...
Todos me chegaram e me recusei a recebê-los. Fui invadido!

Dei-me o desfrute de passar, sem planejar
Por tantos ensaios amorosos, nestes últimos tempos
Fui o que não sou, me entreguei às paixões do inferno
E com elas conquistei um pouquinho de céu
Mas nas curvas da vida, que sempre continua,
Não quis provar que ainda sou tua... tua!
Apesar de em constantes vezes retirar o meu amor
Do esconderijo que fiz em meu ser
Para lembrar-me de que te carrego como um crime
De quem viveu de amor para se matar, sem que nada o redime.


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